O estado do Ceará pode ser o primeiro no país a atingir o pico de infecções da Covid-19 , aponta pesquisadores da Rede CoVida, iniciativa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA). De acordo com o boletim, o número de infectados no estado pode chegar a 3.053 no dia 25 de abril.
Se assim for, o Ceará ultrapassará os números do Rio de Janeiro, que é de 2.887, mas ainda ficará atrás do estado de São Paulo, que conta com 11.684 infectados. No mesmo dia, os pesquisadores preveem 500 mortes e 21 mil casos em todo o Brasil.
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No último domingo, 5, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou que o estado tem 976 pacientes infectados e 26 vítimas fatais.
O que diz a pesquisa
A Rede CoVida avalia a taxa de transmissão, o número de curas e de óbitos por conta das infecções do novo coronavírus por meio do modelo SIR (Suscetíveis, Infectados e Recuperados), já adotado na Bahia. Segundo o estudo, pacientes considerados curados se tornam imunes à Covid-19 ; no entanto, enfatiza que outras pesquisas sinalizam para uma possibilidade de adoecer novamente por conta do vírus.
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Formado por profissionais como estatísticos, epidemiologistas, físicos, cientistas da computação, economistas e comunicólogos, o grupo também realizou um cálculo para entender a velocidade de espalhamento do vírus. Foi identificado que o R0 (ou seja, fator de reprodução) do Ceará chega a 2,56. A partir de R0 com valores superiores a 1, aquele local é considerado com uma “epidemia em expansão”.
Além do Ceará, estados como Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul também têm valor do fator de reprodução superior a 2. Na Itália, a taxa do R0 é de número 3.
As informações para basear o estudo são coletadas nas secretarias estaduais, já que há divergências entre os dados deste órgão e do Ministério da Saúde. No artigo, os pesquisadores reforçam que têm convicção dos esforços feitos para aperfeiçoar o sistema de dados oficiais da epidemia.
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Os pesquisadores devem analisar ainda os impactos do distanciamento e isolamento social adotado no estado. Os resultados serão divulgados em boletins semanais da Rede CoVida.
Medida de prevenção
Neste fim de semana, o governador do Ceará, Camilo Santana, prorrogou até 20 de abril o fechamento de estabelecimentos comerciais. O Governo Estadual suspendeu ainda aulas presenciais em todos os níveis de ensino até o início de maio. Santana argumentou que as medidas são baseadas em estudos científicos para evitar que doença avance.
A Sesa projetou que 1.000 leitos de UTI serão necessárias para os próximos três meses para atender pacientes com Covid-19. Até o mês de junho, a previsão é de que 800 unidades sejam estruturadas pelo Estado.
O Secretário da Saúde Carlos Roberto Sobrinho afirma que decisões foram definidas em cima de estudos e análises de pesquisadores para conhecer o ponto de saturação. Assim, ele espera que o Ceará consiga achatar a curva e não negligenciar o controle inicial.
Os pesquisadores da Rede CoVida propuseram diversas ações para conter o avanço do novo coronavírus. As principais são as medidas de distanciamento social
, restrições de viagens, proteção aos idosos e pessoas com doenças crônicas. Eles ainda solicitam que o sistema de registro, fluxo, processamento e divulgação de informações e dados seja fortalecido.